O procurador-geral de Justiça, Deosdete Cruz Júnior, defendeu a gravação de conversas entre advogados e clientes envolvidos em facções criminosas durante seu discurso no lançamento do programa “Tolerância Zero ao Crime Organizado”, realizado no Palácio Paiaguás na tarde desta segunda-feira (25).
Em suas declarações, Deosdete afirmou que, em diversas situações, os advogados “usurpam” suas funções, agindo como verdadeiros “pombos correio do crime”.
“Esses criminosos continuam se comunicando de dentro dos presídios com advogados que abusam dessa posição, atuando como mensageiros do crime”, comentou. Ele fez questão de reconhecer a importância da OAB, destacando que, apesar do respeito pela instituição, é necessário reconsiderar certos direitos. “Um advogado atendendo um faccionado deve ter suas conversas gravadas, visando o bem da sociedade. É hora de abordarmos essa questão de forma séria”, acrescentou.
Deosdete também propôs alterações na legislação penal para enfrentar o crescimento das facções criminosas, destacando que os órgãos de segurança pública e justiça estão em desvantagem devido a normas ultrapassadas.
“Estamos lidando tanto com a Segurança Pública quanto com o sistema de Justiça contra organizações criminosas que utilizam táticas de guerrilha para dominar territórios, extorquir pessoas e cobrar taxas paralelas. Se não agirmos com unidade e coesão, corremos o risco de perder essa batalha”, afirmou.
“Sinto que, como promotor de Justiça, estamos lutando com as mesmas ferramentas de décadas atrás. Apelo aos deputados presentes para que incentivem o Congresso Nacional a conceder aos agentes de segurança e a nós, do sistema de Justiça, ferramentas adequadas. Não podemos combater facções com um Código Penal da década de 40. Estamos em desvantagem. Reconheço os esforços do Poder Executivo, do Judiciário e do Ministério Público, mas as penas são brandas e o processo é excessivamente lento, com muitas instâncias recursais”, finalizou.
Redação JA/ Foto: Victor Ostetti/MidiaNews