Emanuel Pinheiro questiona venda do VLT, diz que Cuiabá possui estrutura e vai ficar prejudicada com venda dos vagões
O prefeito Emanuel Pinheiro diz estar muito descontente com a venda dos vagões do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) de Cuiabá para o governo da Bahia, após o Governo do Estado anunciou o acordo entre com o Governo Bahia para venda dos vagões, no valor de R$ 793,7 milhões.
Ele afirma que Cuiabá já possui a infraestrutura necessária, como viadutos e trincheiras, para a implantação do VLT, o que torna a decisão de vender os vagões ainda mais questionável. Enquanto outras capitais avançam com projetos semelhantes, nós ficamos para trás. A venda dos vagões, que estão em perfeito estado, foi uma apunhalada pelas costas da população,” desabafou o prefeito.
O projeto do VLT para Cuiabá, com 22 quilômetros de extensão ligando Cuiabá a Várzea Grande pelos eixos Aeroporto-CPA e Porto-Coxipó, e com capacidade para transportar mais de 100 mil pessoas por dia, já foi aceito pelo Novo PAC – Mobilidade Urbana Sustentável do governo federal. Isso demonstra o empenho da prefeitura em implementar esse sistema de transporte moderno.
O prefeito destaca os benefícios do VLT, como economia, segurança, qualidade de vida e desenvolvimento econômico e social para a cidade. Essa é uma oportunidade perdida para Cuiabá. Ele também ressaltou que os trens, sempre bem conservados, poderiam servir perfeitamente à cidade.
A decisão de vender os vagões ao governo da Bahia ocorreu sem discussão pública, o que gera questionamentos sobre a transparência do processo. “Por que os vagões servem para Salvador e não para Cuiabá?” questionou Pinheiro. A venda será realizada em suaves parcelas ao longo de quatro anos.
A frustração do prefeito Emanuel Pinheiro e a sua percepção de que a venda dos vagões do VLT representa uma “traição” à população de Cuiabá. A cidade perderá uma oportunidade importante de modernizar seu sistema de transporte público, o que poderia trazer melhorias significativas para a qualidade de vida dos cidadãos. É fundamental que o governo do estado e a prefeitura revisitem essa decisão e busquem soluções que atendam às necessidades da população de Cuiabá.
IMPLANTAÇÂO DO HISTORICO ELEFANTE BRANCO DA COPA DO MUNDO EM 2014, CONSUMIU MAIS DE R$ 1 BI:
Os 280 vagões que transportariam 160 mil pessoas por dia vieram da Espanha e continuam no mesmo lugar. A construção parou ainda em 2014, depois que a Polícia Federal e o Ministério Público denunciaram corrupção e desvio de dinheiro no governo do então “SILVAL BARBOSA”, que chegou a ser preso e fez delação premiada.
N época a ALMT montou uma comissão parlamentar para levantar os fatos de corrupção com dinheiro publico e que teve como presidente o atual prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro. que ainda exercia cargo de deputado estadual.
Os vagões vieram da Espanha, avaliados em quase R$ 500 milhões, e continuam no mesmo lugar, preservados pelo consórcio que implantaria o VLT. A manutenção nos veículos, tanto a parte de zeladoria, manutenção preventiva, testes, engraxes, lubrificações, e a gente passa todos esses relatórios, protocola no governo do estado de Mato Grosso”, diz o engenheiro de teste José Raimundo dos Santos.
Dos 22 quilômetros de trilhos previstos no projeto, somente seis já estavam prontos na Região Metropolitana de Cuiabá. Pelos cálculos do consórcio foram quase R$ 89 milhões desperdiçados só em trilhos.
O governo do estado rompeu administrativamente o contrato com o consórcio em 2017, na gestão de Pedro Taques. O consórcio recorreu na Justiça e teve o recurso negado. Em 2020, o atual governador, Mauro Mendes, decidiu fazer a substituição do modal, de VLT para BRT, que era a escolha inicial do estado, dessa vez com ônibus elétricos.
O governo disse que a mudança para o BRT está baseada em um estudo técnico. O VLT, Veículo Leve sobre Trilhos, é um trem de superfície movido a energia elétrica. Já o BRT é o serviço de ônibus que usa corredores exclusivos.
“Fizemos um estudo muito profundo com a participação de entes federais, do estado, de prefeituras, e chegamos à conclusão de que o BRT é moderno, eficiente e vai custar praticamente a metade do preço que nós gastaríamos só para terminar o VLT”, diz o governador Mauro Mendes.
O coordenador de Mobilidade Urbana do Instituto Nacional de Defesa do Consumidor, Rafael Calabria, diz em entrevista ao “G1 Cuiabá,”que a troca de VLT para BRT é um retrocesso.
“Os benefícios que o trilho trás em sustentabilidade, em capacidade de passageiros e na diversidade de opção que a cidade vai ter são muito melhores do que no BRT. Então investimento um pouco maior se justificaria. Ainda mais no caso de Cuiabá, que já começou a obra, seria só finalizar. Então o BRT, além de uma opção errada, vai ter um desperdício de dinheiro público”, afirma.
A licitação do BRT já foi feita, mas o Ministério Público de Mato Grosso investiga supostas irregularidades na licitação. A denúncia foi feita pela prefeitura de Cuiabá, que é contra a mudança.
O que dizem o governo e o consórcio
O governo de Mato Grosso declarou que o contrato previa que o VLT seria entregue pronto, que os equipamentos comprados são do consórcio responsável pela obra e que entrou na Justiça para receber indenização de todo o valor que o estado investiu.
O consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande afirma ao G1 Cuiabá, que o desmonte do projeto não encontra amparo de ordem técnica ou econômica, que mantém a guarda e manutenção dos trens até uma decisão da Justiça e que sempre esteve à disposição do estado para uma solução legítima e viável para concluir o projeto.
Redação JA/ Foto: reprodução