Há 10 anos as empresas tentam o reequilíbrio financeiro
A família Andriollo, de Água Boa ((730 km a leste de Cuiabá), conseguiu junto ao Judiciário o deferimento da recuperação judicial para negociar as dívidas acumuladas nos últimos 10 anos que chegam a R$ 181,1 milhões. O casal Paula e Vilson Andriollo, junto com o filho Tyrone, é dono do grupo Terra Fértil, que iniciou suas atividades em Mato Grosso em 2001.
A decisão que autorizou o processo de recuperação judicial é do juiz Renan Leão, da 4ª Vara Cível de Rondonópolis. Para o magistrado, o laudo preliminar mostrou que, apesar da crise, o grupo é “economicamente viável” e que existem “fortes indícios acerca do efetivo comprometimento das requerentes e do interesse das mesmas na preservação da integridade de seus negócios”.
Mesmo com o crescimento e ampliação das propriedades, o grupo Terra Fértil passou por sua primeira crise em 2004, com os impactos dos problemas econômicos não só no Brasil, como em outros países naquela época. No entanto, apesar da situação difícil, os produtores rurais conseguiram sair do vermelho e continuar aumentando suas atividades.
A segunda crise chegou 10 anos depois, na safra de 2014/2015, quando houve uma seca extrema que levou à paralisação do plantio e aumentou os custos de produção. Em 2019, para tentar resolver essa situação, foram vendidas fazendas em Ribeirão Cascalheira (900 km a leste), mas o valor não foi suficiente para quitar todas as dívidas.
Sem conseguir se recuperar, as empresas sofreram novo impacto em 2022, com o aumento da taxa Selic que fez com que os juros de contratos de empréstimo subissem de 5,5% para 30,1%. Ainda tentando equilibrar as contas, o grupo sofreu prejuízos com a maior seca da história de Mato Grosso, no segundo semestre de 2023, o que tornou a recuperação judicial a única estratégia para sair da crise.
“O grupo Terra Fértil tem uma trajetória de muito sucesso, com um crescente exponencial. Porém, mesmo assim não ficou imune à crise que assola o agronegócio e a cadeia produtiva como um todo. Nesse sentido, a recuperação judicial é o único meio possível para reerguer e manter o funcionamento das empresas”, avalia o advogado Antônio Frange Júnior, que coordena a defesa dos Andriollo.
Com a nomeação de um administrador judicial, o processo de recuperação judicial começará a ter andamentos, com a produção de relatórios mensais sobre fluxo de caixa, além de comunicação aos credores, com elaboração da lista dos débitos e a mediação dos conflitos relacionados ao processo e os pagamentos.
Também especialista em recuperação judicial, o advogado Tarcísio Cardoso Tonhá Filho enfatiza a importância da ação. “O desaparecimento de tais empresas acarreta inevitáveis consequências, como o fechamento de postos de trabalho, o desaquecimento da economia, a redução das exportações, a diminuição da concorrência e dos recolhimentos de tributos, além de aumentar a complexidade no controle da inflação e contribuir para o caos social”.
Fonte : Dialum – Assessoria