A sanção presidencial da Lei Complementar nº 214/2025 trouxe a reforma tributária para o centro das atenções empresariais no Brasil. Apesar de ainda estar sujeita a deliberações no Congresso Nacional sobre vetos presidenciais, o início da transição em 2026 exige que as empresas se preparem para mudanças que afetarão profundamente sua estrutura operacional e financeira. O impacto será direto em áreas como logística, compliance, precificação e gestão de contratos, demandando um plano estratégico robusto para garantir a adaptação às novas regras.
A reforma propõe a substituição de tributos como PIS, Cofins, ICMS, IPI e ISS por dois novos impostos: o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços). Além disso, o Imposto Seletivo (IS), destinado a produtos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, também será implementado. Essa transformação promete simplificar o sistema tributário, mas também traz desafios imediatos e estruturais para empresas de todos os setores.
Um dos pontos cruciais da reforma é o impacto sobre a logística empresarial. Com a nova tributação baseada no destino, as empresas precisarão rever a formação de preços que, agora, devem levar em consideração as alíquotas aplicáveis no local de consumo, e não mais na origem. Essa mudança implica na necessidade de análises detalhadas das regiões de distribuição, revisões na estratégia logística e maior atenção ao impacto tributário sobre margens de lucro e competitividade.
Outro ponto crucial é a gestão da relação com fornecedores, considerando os impactos que a Reforma Tributária trará para o fluxo de caixa e a recuperação de créditos. Fornecedores enquadrados no Simples Nacional e MEI, por exemplo, não geram créditos de IBS e CBS, o que exige das empresas uma análise estratégica dessas parcerias para mitigar possíveis perdas financeiras.
Além disso, a nova regra que condiciona o aproveitamento de créditos ao efetivo pagamento do tributo pelo fornecedor requer monitoramento rigoroso da conformidade fiscal de toda a cadeia de suprimentos. Independentemente do regime tributário, é essencial assegurar que os fornecedores estejam em dia com suas obrigações fiscais, garantindo a integridade das operações e o pleno aproveitamento dos créditos tributários previstos na nova legislação.
Outro desafio é a revisão de contratos. A nova regra de tributação “por fora”, associada à não cumulatividade, muda a forma como tributos são repassados e creditados. Isso exige que as empresas revisem cláusulas contratuais com clientes e fornecedores, ajustando valores e condições para refletir as novas alíquotas e a possibilidade de aproveitamento de créditos tributários. Renegociar contratos de longo prazo pode parecer trabalhoso, mas é uma medida essencial para evitar perdas financeiras e fortalecer as relações comerciais.
A transição também demanda adequações tecnológicas significativas. O governo já anunciou alterações nos leiautes da Nota Fiscal de Serviço Eletrônica para incluir o IBS e CBS, com início em 2026. Assim, a atualização de sistemas de ERP é urgente, bem como o treinamento das equipes para operar os novos processos de cálculo tributário, conciliação financeira e emissão de notas fiscais.
O planejamento financeiro das empresas deve ser reestruturado para absorver o impacto do aumento de desembolsos nas aquisições, esperado já para o início de 2027. Esse ajuste exige atenção redobrada ao capital de giro, com a adoção de estratégias para assegurar recursos suficientes, como a obtenção de linhas de crédito mais acessíveis e a revisão das reservas financeiras. Além disso, é indispensável realizar simulações dos impactos tributários pós-reforma, contemplando cenários com diferentes alíquotas e variáveis operacionais. Embora o governo estime uma alíquota média de 28%, especialistas alertam para a possibilidade de esse índice chegar a 30%, reforçando a importância de projeções financeiras precisas para sustentar as operações e proteger a rentabilidade das empresas.
A fase de transição, que será escalonada até 2033, traz um desafio adicional: a convivência dos modelos antigo e novo. As empresas precisarão de um plano de ação detalhado para cada ano da transição, garantindo que processos operacionais, sistemas e estratégias tributárias estejam alinhados às exigências de cada etapa.
Por fim, é imprescindível acompanhar de perto as regulamentações complementares ainda em desenvolvimento. A criação do Comitê Gestor do IBS e a definição de alíquotas do Imposto Seletivo são apenas algumas das questões pendentes. Empresas que se mantiverem informadas e ágeis na adaptação às novas regras estarão mais bem posicionadas para aproveitar os benefícios da reforma, como a redução da burocracia e a simplificação tributária.
A Reforma Tributária é uma realidade que exige preparação imediata e estratégica. Apesar dos desafios, ela representa uma oportunidade para modernizar processos, otimizar custos e melhorar a competitividade no mercado. Ao agir agora, as empresas não apenas minimizam riscos, mas também garantem sua resiliência em um cenário fiscal transformador.
Taís Baruchi é CEO e sócia na ECOVIS® BSP.
Sobre a BSP:
A Ecovis®️ BSP é uma empresa de BPO (Business Process Outsourcing) de padrão internacional, capaz de atender as demandas contábeis das empresas enquadradas nos regimes de lucro real e lucro presumido, localizadas em qualquer parte do Brasil, nacionais ou multinacionais. A empresa faz parte da Ecovis International, líder global de consultoria fiscal, contábil, auditoria e assessoria jurídica, presente em mais de 80 países.
Clique abaixo e veja também
Proteção Anti DDOS. Para seu website
Servidor dedicado no Brasil. Personalizado conforme você precise.
Servidor VPS no Brasil. Personalizado conforme você precise.
Hospedagem compartilhada para seus projetos online
Hospedagem Claud para seus projetos online