Epilepsia: quebrando o estigma e promovendo inclusão

Epilepsia: quebrando o estigma e promovendo inclusão

Nos últimos dias, o mundo voltou seus olhos para uma causa que ainda é cercada por desinformação e preconceito: a epilepsia. O Dia Mundial de Conscientização sobre a Epilepsia, conhecido também como Dia Roxo, datado em 26 de março, oferece uma oportunidade para fortalecer o combate a mitos que perduram há séculos e reforçar que pessoas com essa condição podem viver com qualidade, autonomia e sem medo.

Como neurologista e epileptologista, vejo de perto os desafios enfrentados por quem recebe esse diagnóstico. Mais do que uma questão médica, a epilepsia é também uma questão social, que ainda carrega o peso do estigma e da exclusão. Apesar de ser uma condição de saúde que afeta 50 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o preconceito em relação à doença ainda é grande.

Antigamente, acreditava-se que a epilepsia era resultado de possessões espirituais ou de problemas mentais graves. Crenças ultrapassadas que, infelizmente, ainda geram olhares desconfiados e julgamentos errados. Muitos pacientes enfrentam dificuldades em ambiente escolar, no mercado de trabalho, e até mesmo em suas relações pessoais. Com isso, o medo de sofrer uma crise em público faz com que essas pessoas, tenham uma predisposicao em desenvolver disturbios psiquiatricos graves que  agravariam a propria epilepsia.

Esse estigma social tem raízes na falta de informação. É por isso que a conscientização e a educação são ferramentas chaves para mudar essa realidade. Desmistificar os mitos sobre a doença, são passos essenciais para garantir o acolhimento e respeito em todos os espaços. É fundamental que a sociedade aprenda a enxergar a epilepsia como ela realmente é: uma condição médica tratável, com possibilidade de cura, e não uma limitação definitiva.

Hoje, com os avanços na neurologia, é possível ter acesso a tratamentos adequados que ajudam a controlar a maior parte dos casos de epilepsia com o uso de medicação. Além disso, em situações específicas, cirurgias também podem ser opções terapeuticas viáveis. Ter o suporte de um profissional de saúde especializado permite que o paciente compreenda melhor  sua condição e encontre o caminho para gerenciá-la de forma eficaz.

Ainda assim, é importante que a sociedade se conscientize de que a epilepsia não define quem a pessoa é. Ela é apenas uma parte da vida de quem convive com essa condição. A informação e o diálogo são o caminho para que essas pessoas possam viver sem medo. Portanto, que neste Dia Mundial de Conscientização sobre a Epilepsia possamos utilizar essa data para quebrar preconceitos e promover a inclusão.

Dr° Bruno Gumiero é Neurologista e Epileptologista na Axons Centro Especializado em Neurologia e Neurofisiologia em Cuiabá.

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