Vara Criminal da Justiça Militar aceita denúncia contra PMs por envolvimento em assassinato de advogado Renato Nery

A 11ª Vara Criminal de Cuiabá, especializada em Justiça Militar, aceitou a denúncia do Ministério Público do Estado de Mato Grosso contra quatro policiais militares da Rotam, suspeitos de estarem envolvidos na morte do advogado Renato Nery, de 72 anos.

Os denunciados são Jorge Rodrigo Martins, Wailson Alessandro Medeiros Ramos, Wekcerlley Benevides de Oliveira e Leandro Cardoso. Eles agora respondem a uma Ação Penal Militar por crimes como organização criminosa, abuso de autoridade, porte ilegal de arma de fogo restrita e falsidade ideológica, com agravantes de concurso de agentes e concurso material.

A denúncia do Ministério Público descreve dois incidentes distintos. O primeiro aconteceu na manhã de 5 de julho de 2024, em Cuiabá, quando o civil Alex Roberto de Queiroz, supostamente a mando do policial militar Heron Teixeira Pena Vieira e dentro de um esquema criminoso, disparou uma pistola Glock adaptada para rajadas contra Renato Nery, que faleceu no hospital no dia seguinte.

O segundo incidente ocorreu em 12 de julho do mesmo ano, no Contorno Leste da capital. A acusação aponta que os quatro policiais da Rotam simularam um confronto armado para assassinar Walteir Lima Cabral e tentar matar Pedro Elias Santos Silva e Jhuan Maxmiliano de Oliveira Matsuo Soma. A arma supostamente utilizada no homicídio do advogado teria sido “encontrada” nesse confronto simulado, criando uma narrativa para justificar o crime e garantir a impunidade dos envolvidos.

As investigações também revelaram a criação de um grupo de WhatsApp chamado “Gol Branco” logo após o assassinato de Renato Nery, o que, segundo o Ministério Público, indica uma articulação entre os suspeitos e a possível participação de outros agentes públicos.

Ao avaliar a denúncia, o juiz considerou que ela atende aos requisitos legais, apresentando de forma clara os fatos, os autores, a tipificação dos crimes e as testemunhas. No entanto, a Justiça decidiu não decretar a prisão preventiva dos policiais, pois eles são primários, têm residência fixa e já estão afastados de suas funções públicas, o que, segundo o magistrado, diminui o risco à ordem pública e à instrução do processo.

Em vez de prisão, foram impostas medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, suspensão do porte de armas e da função pública, recolhimento domiciliar noturno das 20h às 6h, inclusive nos finais de semana e feriados, além da proibição de contato com testemunhas, vítimas e outros envolvidos e a obrigação de comparecimento periódico à Justiça. A audiência de instrução está agendada para 12 de agosto de 2025, às 14h, no plenário da 11ª Vara Criminal de Cuiabá.

 

Redação JA/ Foto: reprodução

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