PGR acusa prefeito eleito de Cuiabá de injúria contra deputada trans durante sessão na Câmara

PGR acusa prefeito eleito de Cuiabá de injúria contra deputada trans durante sessão na Câmara

 

Aguirre Talento/UOL – A PGR (Procuradoria-Geral da República) apresentou uma denúncia ao STF (Supremo Tribunal Federal) acusando de injúria o deputado bolsonarista Abílio Brunini (PL-MT), prefeito eleito de Cuiabá, por declarações ofensivas à parlamentar Érika Hilton (PSOL-SP).

Brunini proferiu declarações ofensivas contra Hilton durante uma sessão da CPI Mista dos Atos Golpistas em julho do ano passado.

A fala do deputado bolsonarista não chegou a ser transmitida nos microfones, mas foi testemunhada por parlamentares durante a sessão. Na época, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) acusou Brunini de ter dito que Érika Hilton estaria oferecendo serviços de prostituição, durante um discurso dela.

Érika Hilton é a primeira mulher trans a comandar uma bancada parlamentar na Câmara, a do PSOL-Rede.

A denúncia foi enviada ao STF na semana passada e distribuída à ministra Cármen Lúcia. Ela determinou a realização de uma audiência com o deputado para oferecer a possibilidade de um acordo de transação penal, que permite encerrar o processo mediante o pagamento de multa ou cumprimento de alguma outra medida. Esse tipo de acordo só é permitido em crimes com pena máxima de dois.anos.

O gabinete de Cármen Lúcia marcou a audiência para o dia 22 de janeiro. Caso o deputado não concorde com um acordo, o STF deve analisar se transforma o caso em uma ação penal. Procurado, o deputado não respondeu aos contatos.

PGR optou por acusação mais branda

Quando esse episódio ocorreu, o Grupo de Trabalho sobre Violência de Política de Gênero, ligado à Procuradoria-Geral Eleitoral, encaminhou à PGR um pedido de investigação contra o deputado Abilio Brunini e apontou a suposta prática dos crimes de transfobia e violência política de gênero contra a deputada Érika Hilton. Os delitos preveem, respectivamente, penas de dois a cinco anos de prisão e de um a quatro anos de prisão.

A denúncia apresentada pela PGR, entretanto, imputa apenas o crime de injúria, que prevê pena de detenção de um a seis meses. Como a pena é baixa, pode ser celebrado acordo para que o alvo não responda ao processo.

O delito de injúria, em geral, é uma ação penal privada, movida entre particulares. Mas pode ser movida pelo Ministério Público nos casos que envolva ofensa a funcionário público e quando a parte ofendida apresenta uma representação.

Trata-se da quarta denúncia apresentada no STF pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, e sua equipe. A primeira foi contra a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP). A PGR também denunciou três deputados do PL sob acusação de corrupção em emendas parlamentares. Ainda houve também a denúncia contra o deputado Chiquinho Brazão e seu irmão Domingos Brazão sob acusação de serem mandantes da morte da vereadora Marielle Franco.

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