O dólar à vista recuava frente ao real nesta sexta-feira (9), ampliando as perdas da véspera e próximo de uma queda de 1%, à medida que investidores analisavam dados do IPCA, que vieram um pouco acima do esperado, e repercutiam falas do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo.
Às 10h46, o dólar à vista caía 0,37%, a R$ 5,5283 na venda.
Já o Ibovespa, no mesmo horário, subia 0,30%, a 129.040,87 pontos, com uma nova bateria de resultados ocupando as atenções, entre eles o de Lojas Renner, que fazia as ações dispararem mais de 6%, enquanto Petrobras caía após divulgar o primeiro prejuízo em quase quatro anos e reduzir previsão de investimentos em 2024.
Na quinta-feira (8), o dólar à vista fechou o dia em queda de 0,89%, cotado a R$ 5,5737.
Contexto nacional
Nesta manhã, o IBGE informou que o IPCA acelerou sua alta para 0,38% em julho na base mensal, ante 0,21% no mês anterior, em resultado ligeiramente acima do esperado por economistas.
Em pesquisa da Reuters, analistas projetavam uma alta de 0,35% sobre o mês anterior. Em 12 meses, o IPCA chegou a 4,50%, de 4,23% em junho.
Entre as razões para a aceleração dos preços ao consumidor em julho esteve a gasolina, que subiu 3,15%, e as passagens aéreas, com salto de 19,39% no mês de férias escolares. As tarifas de energia elétrica aumentaram 1,93%, com a entrada em vigor da bandeira amarela, que impõe custo adicional aos consumidores.
Com isso, a inflação ao consumidor atingiu o teto da banda da meta de inflação perseguida pelo Banco Central. A autarquia tem como meta para este e os próximos anos uma inflação de 3%, com uma margem permitida de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
O resultado, portanto, deve fomentar as crescentes expectativas dos agentes financeiros por uma alta da Selic, agora em 10,50% ao ano, em breve — o que, em tese, é positivo para o real, pois torna o país atrativo para operações de “carry trade” com a moeda brasileira.
Na ata de sua última reunião na semana passada, quando mantiveram a taxa de juros inalterada pelo segundo encontro consecutivo, as autoridades do BC indicaram que não hesitarão em elevar a Selic em prol da convergência da inflação caso julguem apropriado.
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçou na quinta-feira durante um evento que toda a diretoria da instituição está disposta a fazer o que for necessário para perseguir a meta de inflação.
A expectativa por novo aperto monetário podia ser vista na curva de juros. A taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 — que reflete a política monetária no curtíssimo prazo — estava em 10,775%, ante 10,725% do ajuste anterior
No cenário externo
A busca por ativos de maior risco continuava sua recuperação após a redução dos temores dos mercados com uma recessão nos Estados Unidos, motivada por dados de pedidos de auxílio-desemprego melhores do que o esperado na véspera.
No início da semana, a aversão ao risco predominou nas negociações devido a dados ruins do mercado de trabalho norte-americano na semana passada, o que prejudicou ações e moedas de países emergentes.
Mas novas amostras mais positivas de dados econômicos e falas apaziguadoras de autoridades de bancos centrais ao longo da semana têm eliminado gradualmente o pessimismo dos investidores, permitindo um retorno a ativos de risco.
Dessa forma, a moeda norte-americana recuava frente a divisas emergentes para além do real, com quedas ante o rand sul-africano e o peso chileno.
“O mês que começou turbulento, levando uma forte pressão não só para o real, mas para todas as moedas emergentes, tende a encerrar a semana no campo positivo quando comparada à moeda americana, impulsionado em grande parte pelo apetite a ativos de risco após dados americanos”, disse Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.
Outro fator para a desvalorização do real, a recuperação do iene continuava a perder força nesta sessão, após acumularem ganhos contra o dólar em meio a perspectiva de aumentos de juros pelo Banco do Japão, provocando a reversão de operações de “carry trades” com a moeda japonesa.
O dólar tinha queda de 0,43% em relação ao iene, a 146,64.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,08%, a 103,200.