METRÓPOLES – O “cara do agro” que aparece no relatório da Polícia Federal (PF) sobre golpe, Germano Schaffel Nogueira é filho de uma experiente ex-vereadora do MDB no Mato Grosso.
O pecuarista foi citado em diálogos do general Mario Fernandes. preso por envolvimento em articulações para tentar evitar a posse de Lula. Nogueira também é sócio em três empresas, sendo uma delas um clube de tiro.
Nogueira mora em Juína, no Mato Grosso, cidade vizinha a Castanheira, onde a mãe, Simone Schaffel Nogueira, exerceu três mandatos na Câmara Municipal, chegando à presidência do legislativo. Antes disso, ela foi diretora da Escola Municipal de Castanheira e secretária de Assistência Social. A ex-vereadora deixou a política em 2020, após a morte do marido, Paulo Inácio Schaffel, em 2017. O motivo, relatou, foi intensificar as visitas aos pais, que moram no Espírito Santo.
As investigações da Polícia Federal (PF) chegaram ao empresário a partir das mensagens encontradas no celular de Fernandes, onde os dois falavam sobre a “Manifestação da Liberdade”, evento organizado por Germano Schaffel em Brasília. De acordo com a PF, eles se conheceram no acampamento bolsonarista em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília.
Fernandes compareceu ao evento organizado por Nogueira, realizado no dia 30 de novembro de 2022, e enviou imagens a outros oficiais pedindo que elas fossem divulgadas. Em dezembro de 2022, o general fez novo contato com o empresário e pediu para ele “manter as ações”.
“Meu amigo, aguarda, mantém as mesmas ações, a mesma vontade, certo? No apoio a nós, tá ok? Quem você puder orientar, manter o mesmo ímpeto, por favor, o faça, certo? Agora, a decisão está em outras searas, ok? E a gente continua acreditando muito, mesmo porque a gente considera que não existe outra saída. Independente da solução, a gente mantém contato. Vou seguir sempre à tua disposição aqui por Brasília”, diz o general, em áudio enviado a Nogueira.
Em conversa com o tenente-coronel Mauro Cid, Fernandes também fez referência ao “pessoal do agro” com quem vinha mantendo contato. “A gente tem procurado orientar tanto o pessoal do agro como os caminhoneiros que estão lá em frente ao QG”, disse o general.
O “cara do agro” também foi citado por Cid em diálogo com o então comandante do Exército, general Freire Gomes. “O presidente tem recebido várias pressões para tomar uma medida mais, mais pesada, onde ele vai, obviamente, utilizando as forças, né? É cara do agro. São alguns deputados, né?”, comenta Cid.
Nogueira foi o único empresário do setor citado no relatório da Polícia Federal sobre golpe. Seu advogado, Levi de Andrade, declarou que o cliente fez amizade com Fernandes no acampamento de Brasília e teve pouco contato com ele depois disso.
Empresas
Formado em medicina veterinária, Germano Schaffel Nogueira é dono de duas empresas em Juína e Castanheira. A Agro Assessoria, aberta em 2014, tem capital social de R$ 100 mil e faturamento anual de R$ 360 mil. A principal atividade da empresa é o “treinamento em desenvolvimento profissional e gerencial”, atuando no comércio de máquinas e equipamentos, produtos agrícolas e animais vivos.
Também em 2014, o empresário abriu o CTC Clube de Tiro de Castanheira, com foco em “esporte e recreação”. O CNPJ da empresa, no entanto, está registrado como inapto, indicando que o estabelecimento não está mais em funcionamento. Em 2016, Nogueira fundou a Fortese, uma empresa de vigilância e segurança privada com sede em Castanheira. Ela também foi inscrita com capital social de R$ 100 mil e faturamento anual de R$ 360 mil.