O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que não se corrige a inflação de 2024 com aumento da taxa básica de juros, a Selic, definida pelo Banco Central em 10,50% ao ano. Segundo ele, é preciso ter “cautela” e observar a trajetória do índice ao longo dos meses para “saber o remédio adequado para conter eventualmente preços”.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou a 0,38% em julho, após ter registrado alta de 0,21% no mês anterior, mostrou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (9).
“Hoje o juro afeta a inflação de 2026. Você não vai corrigir a inflação de 2024 aumentando o juro. Você tem que ver a trajetória da inflação ao longo dos meses para saber qual é o remédio adequado para conter eventualmente preços”, afirmou o ministro a jornalistas ao deixar a sede da pasta nesta sexta-feira.
Haddad pontuou que a pasta está acompanhando a volatilidade dos preços para tomar as medidas adequadas. Mas, de acordo com ele, há “boas notícias” nos preços dos alimentos e bebidas, que registraram queda de 1%. Dentro desse grupo, a alimentação no domicílio caiu 1,51% em julho.
Ao ser questionado sobre a fala do diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, sobre a meta de inflação ser “desconfortável” e de não fazer “sentido” passar quatro anos sem poder “elevar a taxa de juros” só por ser indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Haddad afirmou que não há discussão sobre a mudança do alvo fixado pelo governo e que as falas do diretor foram apenas no sentido de perseguir a meta.
“Não, ele [Galípolo] não falou isso. Foi uma outra coisa que ele falou. Ele falou que o mandato do BC é perseguir a meta. E a meta foi fixada recentemente pelo decreto presidencial. Tem um novo decreto que regula isso. E o BC está mirando hoje”, disse.
Gabriel Galípolo é o principal cotado para assumir a cadeira de presidente do BC no encerramento do mandato de Roberto Campos Neto ainda este ano.
No dia depois das falas do diretor, o dólar registrou queda de 0,58% na abertura do pregão desta sexta, sendo cotado a R$ 5,54.
Atualmente, a autoridade monetária tem a missão de perseguir uma meta de 3% de inflação, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos (inflação entre 1,5% e 4,5%).
O ministro também salientou que já havia uma expectativa de aumento na inflação deste ano em função do que está acontecendo no mundo, mas que agora é acompanhar com calma.
“O dólar teve uma queda significativa nos últimos dias e a gente espera que esses números convirjam para patamares inferiores. Mas nós esperávamos, em função do que está acontecendo no mundo, que houvesse alguma mexida na inflação deste ano. Nós vamos acompanhar com calma, o BC já parou os cortes [de juros] e vamos analisar com calma. Tem muita coisa para acontecer este ano ainda, sobretudo no cenário internacional. Temos que ter cautela agora”, salientou.