Exonera chefe do Procon que apontou fraudes nos consignados em Mato Grosso

O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União), exonerou nesta terça-feira (11.11) Cristiane Vaz, que ocupava o cargo de chefe do Procon no estado. A decisão veio após Cristiane enfrentar pressão política, especialmente depois que sua equipe produziu dois relatórios técnicos que apontaram fraudes em contratos de consignados. O governo, no entanto, não divulgou oficialmente o motivo da exoneração.

Um dos relatórios elaborados pela equipe de Cristiane revelou que mais de 99% dos contratos da Capital Consig não continham assinaturas de servidores. O documento também levantou suspeitas de que a Capital Consig estaria utilizando robôs para assinar contratos de empréstimos potencialmente fraudulentos por meio do sistema de consignados da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), sob a liderança de Basílio Bezerra Guimarães.

Após a divulgação dos relatórios na imprensa, Cristiane se tornou alvo de matérias negativas. Um caso similar ocorreu com Antônio Wagner, presidente do Sindicato dos Servidores da área Meio, que também enfrentou pressão e reportagens desfavoráveis após as denúncias sobre as fraudes.

Adicionalmente, o Procon colaborou em uma força-tarefa com o Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), o que resultou em uma ação civil pública contra empresas do grupo Capital Consig. A promotora de Justiça Valnice Silva dos Santos, da 6ª Promotoria de Justiça Cível da Capital, destacou que as investigações revelaram indícios significativos de violação do dever de informação, práticas abusivas e danos aos consumidores e ao erário estadual. “Observamos uma estrutura montada para enganar os servidores, disfarçando empréstimos como se fossem compras no cartão, o que gerou dívidas prolongadas, muitas vezes sem que a pessoa entendesse como tudo começou”, afirmou.