TCE-MT investigará políticos que enviaram R$ 209 mi de verbas federal em “emendas PIX” na destinação e uso

TCE-MT investigará políticos que enviaram R$ 209 mi de verbas federal em "emendas PIX" na destinação e uso

O Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT) realizará auditorias nas transferências federais destinadas ao estado por meio das chamadas “emendas pix”. Este exame foi divulgado pelo presidente da entidade, conselheiro Sérgio Ricardo, durante a visita do vice-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Jorge de Oliveira, na última sexta-feira (25). Os valores, que chegam bilhões em todo o Brasil, estão sendo investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) devido à ausência de critérios transparentes na sua destinação e uso.

Conforme mencionado por Sérgio Ricardo, em Mato Grosso existem 75 emendas que somam R$ 209 milhões. A investigação inicial abrangerá três emendasEntre elas, a mais notável foi enviada pelo antigo senador e atualmente ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), para município de Jangada.

montante de R$ 28,2 milhões foi alocado para asfaltamentocolocação de tubos, realização de eventos, aluguel de equipamentos para apresentações e conservação da frota de veículos e máquinas. A segunda emendano valor de R$ 2,8 milhões, foi destinada pelo ex-deputado federal Neri Geller (Republicanos) à Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), permitindo a aquisição de 17 caminhonetes. A terceira emenda sob análise, que corresponde a R$ 1,7 milhão, foi transferida pelo ex-deputado federal e atual prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), para a Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf), com o propósito de comprar barracas de alumínio.

O TCU solicitou ao TCE-MT que realize a auditoria das emendas Pix, e faremos isso com imparcialidade e responsabilidade, pois a sociedade merece saber o destino desse dinheiro. Neste primeiro momento, iremos investigar três transferências que totalizam R$ 33,2 milhões.”

As emendas possuem valores consideráveis. Vamos descobrir aonde foram e quais benefícios trouxeram para a sociedade”, complementou.

Na oportunidade, o vice-presidente do TCU mencionou a relevância da fiscalização conectada e a necessidade de os tribunais se adaptarem ao novo fluxo de tramitação das emendas.

“Esse trabalho  está sendo realizado pelos tribunais de contas, que continuarão a exercer sua função de controle, adequando-se a esse novo fluxo de movimentação de recursos públicos, seja na esfera federal ou quando transferidos para estaduais e municipais”, declarou Jorge de Oliveira.

Emendas Pix

Em agosto de 2024, o ministro Flávio Dino, do STF, determinou a suspensão da implementação de emendas parlamentares, com o objetivo de resolver a falta de transparência e assegurar a rastreabilidade nas transferências de recursos. O ministro é o responsável por quatro processos envolvendo a ausência de transparência nas emendas (ADPF 854, ADIs 7688, 7695 e 7697).
Em fevereiro deste ano, um documento do TCU revelou que, em todo o Brasil, 81% das transferências realizadas através das emendas Pix não conseguem identificar claramente quem são os responsáveis os beneficiários finais dos valoresCom isso, Dino solicitou ao TCU que realizasse uma nova série de auditorias sobre as transferências ocorridas entre 2020 e 2024.

Uma das principais deficiências encontradas é a falta de registro dos planos de trabalho, que é uma condição essencial para a liberação dos fundos. Mais de 6 mil emendas foram autorizadas sem que estados e municípios informassem como pretendem utilizar o dinheiro na plataforma Transfere.gov.br, o que prejudica a transparência e a responsabilização dos responsáveis. Em abril, foi divulgado um prazo de 90 dias para que os municípios e estados apresentem suas prestações de contas.

 

Redação JA / Foto: reprodução

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