Lula defende cooperação contra práticas intervencionistas em cúpula no Chile

Lula defende cooperação contra práticas intervencionistas em cúpula no Chile

Em discurso na cúpula “Democracia Sempre”, presidente reforça necessidade de fortalecer democracias, combater desigualdade e regulamentar plataformas. Evento reuniu líderes progressistas na América Latina e Europa.

Chamado ao multilateralismo em defesa da democracia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta segunda-feira (21/07) a união entre países para enfrentar o que chamou de “práticas intervencionistas” e ameaças ao regime democrático. O discurso foi proferido durante a cúpula internacional “Democracia Sempre” , realizada em Santiago, no Chile, e que reuniu chefes de Estado e governo de países da América Latina, Caribe, Europa e América do Norte.

Sem citar diretamente o governo dos Estados Unidos ou o ex-presidente Donald Trump, Lula fez referência indireta ao atual cenário de tensões comerciais — como as tarifas de 50% impostas pelo país sobre exportações brasileiras — ao falar de medidas coercitivas e unilateralistas. “O extremismo tenta reeditar práticas intervencionistas. Diante disso, é essencial fortalecer a cooperação internacional e o multilateralismo”, afirmou.

Cúpula reúne lideranças progressistas
O evento, iniciativa conjunta entre Brasil e Espanha lançada em 2024 na Assembleia-Geral da ONU, contou com a presença dos presidentes Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia), Yamandú Orsi (Uruguai) e Pedro Sánchez (Espanha). Apesar de ausências confirmadas, as líderes Claudia Sheinbaum (México), Keir Starmer (Reino Unido) e Mark Carney (Canadá) enviaram mensagens de apoio à iniciativa.

A cúpula tem como objetivo formular propostas concretas para o fortalecimento da democracia, combate à desinformação, regulação de tecnologias emergentes, redução das desigualdades sociais e promoção da integração regional.

Lula: nova governança global é urgente
Durante sua fala, Lula destacou a importância de uma nova governança global capaz de responder aos desafios contemporâneos. “Sem um novo modelo de desenvolvimento, a democracia seguirá ameaçada por aqueles que colocam seus interesses econômicos acima dos da sociedade e da pátria”, disse, reforçando pautas já discutidas pelo Brasil no G20 e no BRICS, ambos sediados no Rio de Janeiro nos últimos meses.

O presidente também defendeu a regulação de plataformas digitais, apontando-as como vetores de disseminação de desinformação e polarização política. “Precisamos de regras claras para que a tecnologia sirva à cidadania, não ao caos”, afirmou.

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Boric alerta para ameaças sutis à democracia
O anfitrião do evento, o presidente chileno Gabriel Boric, também criticou formas contemporâneas de autoritarismo, sem nomear governos específicos. Ele ressaltou que as ameaças à democracia hoje vão além do uso da força militar, incluindo desinformação, extremismo, corrupção, concentração de poder e desigualdade.

“Há elementos mais sutis que acabam sendo naturalizados: o avanço do ódio, a ridicularização do adversário, a proibição do dissenso. Esse caminho só garante retrocessos e violação de direitos”, afirmou Boric, em alusão indireta a políticas adotadas por governos de linha populista e autoritária.

Ele também rebateu críticas à realização da cúpula, afirmando que “nunca é um mau momento para fortalecer a democracia”. “Fortalecer o multilateralismo e defender os direitos humanos são deveres permanentes”, completou.

Foco em integração regional e diálogo internacional
Os participantes reafirmaram o papel da América Latina e do Caribe como atores estratégicos na construção de uma ordem multipolar mais equilibrada. Lula destacou os laços históricos e econômicos entre a região e a Europa, especialmente com a Espanha, e defendeu maior articulação sul-sul.

A cúpula finalizou com compromissos de acompanhamento técnico e político para implementar as propostas debatidas, com foco em ações conjuntas de combate à desigualdade, proteção ao meio ambiente e defesa institucional.

Agência Brasil/ Foto: reprodução

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