POLITICA DO PREFEITO: Sem estrutura nas UBSs de Cuiabá, após buscar atendimento Mulher de 41 anos morre com suspeita de dengue

POITICA DO PREFEITO: Sem estrutura nas UBSs de Cuiabá, após buscar atendimento Mulher de 41 anos morre com suspeita de dengue

Uma mulher de 41 anos, cuja identidade não foi divulgada, faleceu com suspeita de dengue poucas horas após ser atendida em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no Tijucal, em Cuiabá. Apesar de ser transferida para o Hospital Municipal (HMC), a paciente não sobreviveu.

O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) responsabilizou a morte pela política do prefeito Abilio Brunini (PL), que orienta que as UBSs atendam demanda espontânea. Profissionais de saúde que atenderam a mulher relataram que a unidade não dispunha dos equipamentos e insumos necessários para um atendimento de emergência.

Conforme o prontuário, a mulher havia sido atendida em uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) no dia 23 de janeiro e liberada. No dia seguinte, familiares a levaram à UBS do Tijucal, onde ela começou a passar mal enquanto aguardava atendimento. O médico que a atendeu iniciou os procedimentos, mas o carrinho de parada não tinha os materiais essenciais. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e a paciente foi levada ao HMC, onde veio a falecer.

“É doloroso dizer isso, mas já alertamos sobre a possibilidade de ocorrências assim. As UBSs não estão preparadas para atender casos graves. A Prefeitura de Cuiabá tem incentivado as pessoas a procurarem as UBSs, e a família da paciente seguiu essa orientação, mas não havia condições adequadas para o atendimento, resultando na morte dela”, declarou Diogo Sampaio, presidente do CRM-MT.

Sampaio criticou a confusão entre demanda espontânea e a atual situação em Cuiabá, onde, segundo ele, há uma demanda ativa promovida por pessoas que minimizam a complexidade do problema. Há relatos de que vans estão sendo utilizadas para transportar pacientes das UPAs para as UBSs.

Nesta quinta-feira (30), o CRM-MT fez uma fiscalização na UBS do Tijucal. Durante a ação, foram coletados dados do prontuário médico da paciente, que será examinado em uma sindicância. Profissionais foram ouvidos, e a equipe encontrou diversas irregularidades, como pacientes recebendo soro e medicamentos intravenosos em cadeiras na recepção. Uma funcionária revelou que não havia outro espaço disponível para o atendimento.

“Além disso, identificamos pelo menos cinco pacientes que não deveriam ser atendidos nas UBSs devido à gravidade de suas condições”, acrescentou Sampaio.

Profissionais de saúde, incluindo médicos e enfermeiros, contestaram a alegação da prefeitura de que as UBSs atendem menos de 10 pacientes por dia. “Em um dia típico, atendemos pelo menos 20 pessoas agendadas, sem contar a demanda espontânea. A realidade é muito diferente do que o município afirma”, afirmou um dos profissionais.

Além disso, houve um aumento nas denúncias de agressões verbais e assédio aos médicos que trabalham na UBS. Um consultório estava sem maçaneta na porta, pois foi quebrada por um paciente.

“A situação é alarmante e a solução simplista apresentada pela prefeitura tem gerado sérios problemas. Não vamos esperar que outra tragédia ocorra para que ações sejam tomadas. A sindicância investigará as responsabilidades nesse caso”, concluiu Diogo Sampaio.

Redação JA Foto: reprodução FolhaMax

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